A Explosão das Identidades Digitais
Empresas modernas enfrentam uma explosão de identidades, tanto humanas quanto de máquinas. Impulsionada pela adoção de nuvem, aceleração de DevOps e agora IA agente, essa quantidade cresce numa velocidade que excede a capacidade de gestão da maioria das organizações.
De acordo com o relatório CyberArk 2025 Identity Security Landscape, 9 em cada 10 empresas relatam ter sofrido um incidente de segurança centrado em identidade. Hoje, identidades de máquinas superam as humanas na proporção de 82:1. Com a IA criando novas identidades privilegiadas e sensíveis, a superfície de risco cresce exponencialmente.
Contudo, a segurança de identidades ainda é majoritariamente reativa. Controle de acesso privilegiado só é aplicado depois que contas em nuvem, workloads e recursos já foram implementados. Isso gera uma dívida de segurança que equipes precisam resolver mesmo sem responsabilidade direta sobre esses recursos—efeito de um descompasso entre CIO/CTO (responsáveis pela criação) e CISO (responsável pela segurança).
Por que a Segurança Precisa Começar na Incepção
É hora de os CISOs estabelecerem o limite: a proliferação de identidades exige um modelo proativo — proteger recursos e acessos privilegiados no momento de sua criação. Chamado de “security at inception”, esse modelo exige controles automatizados de identidade integrados aos pipelines de DevOps e infraestrutura como código (Terraform, Ansible, CI/CD).
Exemplos de segurança desde o início:
Armazenamento seguro de contas privilegiadas (vault) no provisionamento.
Zero Standing Privileges: acesso humano é concedido apenas “just-in-time” (JIT), quando necessário, eliminando risco persistente.
Validação de boas práticas no código dentro do SDLC seguro.
Automação completa do ciclo de vida de certificados: criação, gerenciamento e renovação automáticos.
Esse modelo reduz lacunas entre criação e proteção, diminui a superfície de ataque e acompanha a velocidade da transformação digital. A segurança deixa de ser apenas defensiva para se tornar habilitadora.
Por que o Momento é Agora
Quatro tendências urgentes reforçam a necessidade imediata:
IA agente: agentes autônomos executam ações privilegiadas em alta escala, gerando complexidade e reduzindo supervisão humana. Difícil segurá-los depois de implantados.
Velocidade da nuvem: workloads dinâmicos são criados aceleradamente—manualidade não acompanha o ritmo.
Pressão regulatória e compliance: exige provas de controle e acesso privilegiado — sem automação, isso é demorado e inconsistente.
Escassez de talentos em cibersegurança: equipes sobrecarregadas precisam de automação para focar em iniciativas estratégicas.
Recursos e identidades desprotegidos tornam-se brechas. A segurança escalável só é viável se implantada desde o início.
Quebrando o Silenciamento entre CIO/CTO e CISO
A segurança de identidade bem-sucedida vai além do técnico – é organizacional. Enquanto CIO e CTO criam sistemas, nuvem e identidades, o CISO precisa protegê-los — muitas vezes depois. Esse desalinhamento gera ineficiência e risco.
Segundo o mesmo relatório, 70% dos profissionais de segurança apontam silos de identidade como fator principal de risco. Adotar mais nuvens, microserviços e agentes IA torna essa silagem ainda mais perigosa. A saída? Alinhamento estratégico entre CIO, CTO e CISO, integrando workflows automáticos que incorporam segurança.
Automação: a Chave para “Secure by Design”
Para uma segurança eficaz no início, é necessária automação e orquestração. A seguir, formas práticas de implantação:
Templates IaC (Terraform, CloudFormation) com steps automáticos de onboarding na plataforma de segurança.
SDLC seguro: análise de código estático integrada que exige práticas como JIT para segredos.
ITSM e ChatOps: fluxos aprovados que garantem Zero Standing Privileges automaticamente.
Esses sistemas entregam segurança sem incomodar o usuário: desenvolvedores têm acesso rápido e seguro, enquanto a equipe de segurança ganha visibilidade, controle e auditabilidade.
Além disso, é crucial investir em referência arquitetural e playbooks de governança para institucionalizar essas práticas.
O Novo Risco do Agentic AI
IA agente — construídas sobre LLMs — provisionam recursos, tomam decisões e criam identidades autonomamente. Se isso não for integrado ao processo de segurança desde o início, o ambiente se tornará inundado de identidades descontroladas. Tentar proteger depois será como “tentar colocar pasta de volta na bisnaga”.
Só a segurança desde a criação garante que agentes IA sejam criados dentro de limites seguros desde o primeiro uso.
Benefícios Diretos da Segurança no Início
Para CISOs:
Redução de riscos via Zero Trust e ausência de privilégios persistentes.
Postura mais forte na nuvem e SaaS.
Preparação consistente para auditoria e compliance.
Eficiência operacional ao reduzir retrabalho.
Maior resiliência de serviços críticos.
Para CIOs e CTOs:
Acesso mais rápido para desenvolvedores.
Menor atrito entre segurança e inovação.
Confiança ampliada no CISO ao saber que os riscos estão cobertos.
Security at inception representa vantagem competitiva: inovação segura e ágil para todos.
Como CISOs Podem Liderar a Transformação
Engajem CIO/CTO em conversas estruturadas sobre integrar segurança nos pipelines de criação.
Reformulem mentalidades da equipe de segurança — de resposta a design pró-ativo. Definam métricas como tempo até proteção e automação de novos recursos.
Liderem iniciativas “security at inception” mapeando fluxos e inserindo controles automáticos. Métricas de sucesso podem incluir:
% de novos ativos protegidos já na criação
Redução de privilégios persistentes
Tempo médio de proteção de recursos
Integrem boas práticas DevSecOps — exigindo padrões de segurança no infra, como logging e monitoramento em IaC.
Comuniquem os resultados para liderança e conselho, traduzindo esforços técnicos em valor de negócio (auditoria, economia de tempo, menos incidentes).
O futuro chega rápido: identidades em nuvem, máquinas e agentes de IA surgem em alta velocidade. Se a segurança não for arquitetada desde o início, o legado será dívidas perigosas e perda de controle.
Ao adotar security at inception, CISOs rompem esse ciclo, lideram com clareza e elevam suas equipes para papéis estratégicos. É hora de passar de “proteger depois” para “segurança por design” — e o momento de agir é agora.